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Nefrologia

Estudo Randomizado: Clortalidona vs Hidroclorotiazida e Resultados Renais em Pacientes com Hipertensão

3 Jan, 2025 | 09:00h

Este estudo, parte do Diuretic Comparison Project (DCP), investigou se a chlortalidona seria superior à hidroclorotiazida na prevenção de desfechos renais em pacientes de 65 anos ou mais com hipertensão. A comparação entre essas duas medicações é relevante pois ambas são frequentemente prescritas em situações de hipertensão, principalmente quando há preocupação com risco de complicações renais.

O objetivo central foi analisar se a chlortalidona reduziria a progressão da doença renal crônica (DRC), definida como duplicação do nível de creatinina sérica, taxa de filtração glomerular estimada (eGFR) menor que 15 mL/min ou necessidade de diálise, em comparação com a hidroclorotiazida. O estudo, de caráter pragmático, recrutou veteranos atendidos em unidades do Veterans Affairs (VA) nos Estados Unidos e randomizou pacientes já em uso de hidroclorotiazida (25 ou 50 mg/dia) para continuar com a mesma medicação ou mudar para chlortalidona (12,5 ou 25 mg/dia). Assim, a dose de 12,5 a 25 mg de chlortalidona foi considerada equivalente ao uso de 25 a 50 mg de hidroclorotiazida.

Dos 13 523 participantes, 12 265 apresentavam dados laboratoriais completos e foram acompanhados em média por 3,9 anos. Os resultados mostraram que a chlortalidona não foi superior à hidroclorotiazida em termos de proteção renal, tanto para a definição primária de progressão de DRC quanto em desfechos secundários, incluindo queda de 40% na eGFR, incidência de nova DRC e hospitalizações por lesão renal aguda. Em contrapartida, a chlortalidona esteve associada a maior risco de hipocalemia, embora a diferença absoluta tenha sido relativamente pequena.

Implicações para a Prática
Do ponto de vista clínico, os achados indicam que ambas as medicações podem ser usadas com confiança para o controle da hipertensão em adultos mais velhos, sem evidência de prejuízo adicional ao rim ao se optar por chlortalidona em vez de hidroclorotiazida. Porém, é fundamental acompanhar com atenção o risco aumentado de hipocalemia no grupo da chlortalidona, possivelmente ajustando doses ou associando suplementos de potássio quando necessário. Vale ressaltar que a comparação utilizou doses farmacologicamente equivalentes: 12,5 a 25 mg/dia de chlortalidona equivale a 25 a 50 mg/dia de hidroclorotiazida. Esse detalhe reforça a necessidade de se considerar equivalências de dose ao trocar uma medicação pela outra, bem como monitorar a resposta de cada paciente.

Entre os pontos fortes do estudo, destaca-se o desenho pragmático, que reflete melhor a prática clínica real. Já como limitações, a maioria dos pacientes já fazia uso de hidroclorotiazida antes, o que pode ter influenciado a tolerabilidade relatada. Além disso, os exames laboratoriais de acompanhamento seguiram a rotina clínica habitual, e não um protocolo padronizado.

Pesquisas Futuras
Futuros trabalhos poderiam explorar o uso de chlortalidona em pacientes com DRC mais avançada, bem como a adoção de estratégias de combinação com diuréticos poupadores de potássio. Outros subgrupos, como indivíduos com hiperaldosteronismo ou diabetes mais grave, também merecem investigação para delimitar melhor a segurança e efetividade de cada diurético.

Referência
Ishani A, Hau C, Raju S, et al. “Chlorthalidone vs Hydrochlorothiazide and Kidney Outcomes in Patients With Hypertension: A Secondary Analysis of a Randomized Clinical Trial.” JAMA Netw Open. 2024;7(12):e2449576. DOI: http://doi.org/10.1001/jamanetworkopen.2024.49576

 


Estudo randomizado | Substituir soro fisiológico por solução cristaloide balanceada reduz incidência de função de enxerto atrasada em transplante renal

30 Jun, 2023 | 12:16h

Resumo: O estudo BEST-Fluids foi um ensaio clínico controlado randomizado, pragmático, multicêntrico e duplo-cego, realizado em 16 hospitais na Austrália e na Nova Zelândia, com o objetivo de comparar o uso de solução cristaloide balanceada (Plasma-Lyte 148) e soro fisiológico em transplante renal de doador falecido. O tamanho da amostra foi de 808 participantes, entre adultos e crianças de qualquer idade, com o desfecho primário definido como função de enxerto atrasada (FEA) ocorrendo dentro de 7 dias após o transplante.

Os resultados do estudo revelaram que o grupo da solução cristaloide balanceada teve menos FEA que o grupo do soro fisiológico, com 121 de 404 participantes (30%) e 160 de 403 participantes (40%), respectivamente. Este resultado fornece um risco relativo ajustado de 0,74 e uma diferença de risco ajustada de 10,1%.

O estudo sugere que a solução cristaloide balanceada reduz significativamente a incidência de FEA em comparação com o soro fisiológico. Como não foram levantadas preocupações significativas de segurança durante o estudo, os pesquisadores recomendam o uso da solução cristaloide balanceada como o fluido intravenoso padrão de atendimento em transplante renal de doador falecido. No entanto, o estudo não apontou diferenças significativas nas taxas de falha ou mortalidade do enxerto, o que demanda mais pesquisas.

Artigo: Balanced crystalloid solution versus saline in deceased donor kidney transplantation (BEST-Fluids): a pragmatic, double-blind, randomised, controlled trial – The Lancet (necessário cadastro gratuito)

 


Estudo de coorte | Jovens adultos com reduções modestas na função renal têm maior risco de desfechos adversos

28 Jun, 2023 | 10:47h

Resumo: Este estudo é uma coorte populacional retrospectiva que explora as implicações de reduções modestas na taxa de filtração glomerular estimada (eGFR) em adultos jovens. O estudo foi conduzido com 8,7 milhões de adultos de 18 a 65 anos residentes em Ontário, Canadá, sem histórico de doença renal. Os dados foram coletados de janeiro de 2008 a março de 2021.

A pesquisa revelou que 18% dos indivíduos de 18 a 39 anos, 18,8% dos de 40 a 49 e 17% dos de 50 a 65 apresentaram medidas de eGFR modestamente reduzidas específicas para sua faixa etária. Resultados adversos, incluindo mortalidade por todas as causas, eventos cardiovasculares e insuficiência renal, foram consistentemente mais altos tanto em termos de risco proporcional quanto de incidência para a faixa etária de 18 a 39 anos em todas as categorias de eGFR, em comparação com os grupos mais velhos. A razão de risco para reduções modestas (eGFR 70 a 80 mL/min/1,73 m2) foi de 1,42 para idades de 18 a 39 anos.

Os achados sugerem que até mesmo reduções modestas na função renal podem impactar significativamente os adultos jovens, sendo necessário um monitoramento frequente da função renal neste grupo demográfico para prevenir a doença renal crônica e suas complicações. É importante notar, no entanto, que as limitações potenciais incluem possível classificação incorreta de comorbidades, fatores de confusão não medidos e falta de clareza sobre os mecanismos destas reduções modestas de eGFR.

Artigo: Associations between modest reductions in kidney function and adverse outcomes in young adults: retrospective, population based cohort study – The BMJ

Comunicado de imprensa: Even a modest reduction in kidney function increases health risks in young adults – University of Ottawa

 


Estudo mostra aumento das complicações hemorrágicas em pacientes com doença renal avançada submetidos à ablação de FA

24 Mar, 2023 | 10:32h

Resumo: O estudo analisou 347 procedimentos em 307 pacientes com doença renal terminal (DRT) submetidos à ablação de fibrilação atrial (FA) por cateter em 12 centros de referência no Japão.

Apesar da grande maioria dos pacientes apresentarem valores subterapêuticos de razão normatizada internacional (RNI) durante o período periprocedimento, 35 pacientes (10%) apresentaram complicações graves, sendo a maioria eventos hemorrágicos maiores (19 pacientes; 5,4%), incluindo 11 casos de tamponamento cardíaco (3,2%). Houve também duas mortes periprocedimento (0,6%), ambas relacionadas a eventos hemorrágicos. Um valor de RNI pré-procedimento de 2,0 ou superior foi identificado como o único preditor independente de sangramento maior.

As diretrizes atuais de anticoagulação periprocedimento afirmam que pacientes submetidos à ablação de FA devem estar sob anticoagulação terapêutica durante todo o período periprocedimento. Os resultados deste estudo sugerem que essas diretrizes podem não ser apropriadas para pacientes com DRT submetidos ao procedimento, e o papel da anticoagulação periprocedimento nesta população deve ser investigado mais a fundo.

Artigo: Peri-procedural anticoagulation in patients with end-stage kidney disease undergoing atrial fibrillation ablation: results from the multicentre end-stage kidney disease–atrial fibrillation ablation registry – EP Europace (link para o Google Tradutor)

 

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ECR | Hidroclorotiazida não é eficaz para a prevenção de recorrência de litíase renal

6 Mar, 2023 | 13:23h

Resumo:

Este estudo teve como objetivo avaliar a eficácia da hidroclorotiazida, um diurético tiazídico, na prevenção da recorrência de cálculos renais contendo cálcio. O estudo randomizou 416 pacientes com litíase renal recorrente para receber hidroclorotiazida em uma dose de 12,5 mg, 25 mg ou 50 mg 1 vez/dia, ou placebo, e os acompanhou por uma média de 2,9 anos.

Os resultados mostraram que a incidência de recorrência de cálculos renais não diferiu entre os grupos que receberam hidroclorotiazida e placebo, independentemente da dose. Além disso, pacientes que receberam hidroclorotiazida foram mais propensos a experimentar efeitos adversos como hipopotassemia, gota, diabetes melito de início recente, alergia cutânea e aumento na creatinina.

Portanto, o estudo sugere que a eficácia da hidroclorotiazida na prevenção da recorrência de litíase renal é limitada, e a prática comum de prescrevê-la para esses pacientes deve ser reavaliada.

Artigo: Hydrochlorothiazide and Prevention of Kidney-Stone Recurrence – New England Journal of Medicine (link para o resumo – $ para o texto completo)

Resumo em vídeo: Hydrochlorothiazide and Kidney-Stone Recurrence | NEJM

Comentário: Hydrochlorothiazide and Prevention of Kidney Stones – NEJM Resident 360

 


ECR | A denervação renal por ultrassom endovascular é modestamente eficaz no tratamento da hipertensão

1 Mar, 2023 | 12:20h

Resumo: O ensaio clínico randomizado RADIANCE II investigou a eficácia e a segurança da denervação renal por ultrassom endovascular em pacientes com hipertensão, sem a influência de anti-hipertensivos. O estudo incluiu 224 pacientes que deixaram de receber esses medicamentos e foram randomizados para receber denervação renal por ultrassom ou um procedimento simulado. Os resultados mostraram que a denervação renal por ultrassom reduziu a pressão arterial sistólica ambulatorial com uma diferença média de 6,3 mmHg após 2 meses, em comparação ao procedimento simulado, sem eventos adversos relatados. Embora esses resultados sugiram que a denervação renal por ultrassom pode ser modestamente eficaz no tratamento da hipertensão, o período de acompanhamento de curto prazo limita a generalização desses resultados para a prática diária. Além disso, a relevância clínica de um procedimento que reduz a pressão arterial apenas após a retirada de medicamentos anti-hipertensivos deve ser considerada.

Artigo: Endovascular Ultrasound Renal Denervation to Treat Hypertension: The RADIANCE II Randomized Clinical Trial – JAMA (gratuito por tempo limitado) (link para o Google Tradutor)

Editorial: Is There a Role for Renal Denervation in the Treatment of Hypertension? – JAMA Cardiology (gratuito por tempo limitado) (link para o Google Tradutor)

 


Análise combinada de 3 estudos de denervação renal por ultrassom para pacientes com hipertensão

1 Mar, 2023 | 12:19h

Resumo: O artigo relata uma análise combinada de dados de pacientes de 3 ensaios clínicos randomizados que visaram determinar a eficácia e a segurança da denervação renal por ultrassom (DRU) na redução da pressão arterial (PA) em comparação com um procedimento simulado. A análise incluiu 506 pacientes com diferentes gravidades de hipertensão e descobriu que a DRU foi modestamente eficaz na redução da pressão arterial sistólica ambulatorial diurna em 2 meses em comparação com o procedimento simulado, com uma diferença média de 5,9 mmHg. Uma das limitações dessa análise é que seus resultados são restritos a um acompanhamento de 2 meses. Serão necessários acompanhamentos adicionais dos estudos incluídos para examinar a durabilidade do efeito e os dados de segurança.

Artigo: Patient-Level Pooled Analysis of Ultrasound Renal Denervation in the Sham-Controlled RADIANCE II, RADIANCE-HTN SOLO, and RADIANCE-HTN TRIO Trials – JAMA Cardiology (link para o Google Tradutor)

Editorial: Is There a Role for Renal Denervation in the Treatment of Hypertension? – JAMA Cardiology (gratuito por tempo limitado) (link para o Google Tradutor)

 


M-A | Ingestão muito baixa de sódio pode ser prejudicial aos pacientes com insuficiência cardíaca (Comunicado de imprensa – ainda não publicado)

24 Fev, 2023 | 12:05h

Resumo: Nova pesquisa apresentada na sessão científica anual da American College of Cardiology sugere que pacientes com insuficiência cardíaca que restringem sua ingestão de sódio abaixo do máximo recomendado (2,3 g/dia) não têm benefícios adicionais e podem ter risco aumentado de morte. O estudo analisou 9 ensaios clínicos randomizados que avaliaram diferentes níveis de restrição de sódio e observou que pacientes que seguiram uma dieta com uma meta de ingestão de sódio abaixo de 2,5 g/dia tiveram 80% mais chances de morrer do que aqueles que seguiram uma dieta com uma meta de 2,5 g/dia ou mais. Os pesquisadores recomendam estabelecer um nível seguro de consumo em vez de restringir excessivamente o sódio.

Comunicado de imprensa: Too Little Sodium Can be Harmful to Heart Failure Patients – American College of Cardiology (link para o Google Tradutor)

 


Estudo de coorte | Consumo elevado de café está associado a disfunção renal em indivíduos geneticamente predispostos

24 Fev, 2023 | 11:55h

Resumo: O estudo investigou se a variação genética de uma enzima que metaboliza a cafeína, chamada CYP1A2, modifica a associação entre consumo de café e disfunção renal. O estudo foi conduzido com 1.180 participantes com hipertensão estágio 1. Os dados foram coletados de 1º de abril de 1990 a 30 de junho de 2006, com um acompanhamento de cerca de 10 anos. O estudo observou que o consumo de mais de 3 xícaras de café/dia foi associado a um maior risco de albuminúria, hiperfiltração e hipertensão apenas em metabolizadores lentos de cafeína. Os resultados sugerem que a cafeína pode desempenhar um papel no desenvolvimento de doenças renais em indivíduos geneticamente suscetíveis, porém estudos adicionais são necessários para confirmar tais achados.

Artigo: CYP1A2 Genetic Variation, Coffee Intake, and Kidney Dysfunction – JAMA Network Open (link para o Google Tradutor)

Comentários:

Drinking 3 or more cups of coffee daily may increase kidney dysfunction risk – Medical News Today (link para o Google Tradutor)

Coffee may raise risk of kidney disease and hypertension in about half of population – MedicalResearch.com (link para o Google Tradutor)

 


M-A | Segurança e efetividade dos diferentes estimuladores da eritropoiese para anemia na doença renal crônica

15 Fev, 2023 | 15:50h

Resumo: O artigo revisou as evidências sobre a segurança e a eficácia dos diferentes estimuladores da eritropoiese no tratamento da anemia em pessoas com doença renal crônica (DRC). A partir das pesquisas disponíveis, não é certo se os vários medicamentos de epoetina são superiores ou inferiores uns aos outros quanto a probabilidade de necessitar de transfusão de sangue, mortalidade, ocorrência de infarto ou AVC, desenvolvimento de trombose em uma fístula ou cateter vascular de diálise, ou a probabilidade de necessitar de diálise para pessoas com doença renal menos grave.*

Artigo: Erythropoiesis‐stimulating agents for anaemia in adults with chronic kidney disease: a network meta‐analysis – Cochrane Library

Resumo: The relative safety and effectiveness of different epoetin drugs for treating anaemia in people with chronic kidney disease – Cochrane Library (link para o Google Tradutor)

 

*Nota: Este resumo foi criado por meio da colaboração entre um editor médico e o ChatGPT.

 


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