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Meta-análise sugere que Clorpromazina IV/IM está entre as Opções mais Eficazes para Crise de Enxaqueca no Pronto-Socorro
25 Dez, 2024 | 08:27hEste estudo teve como foco avaliar e comparar diversas terapias farmacológicas utilizadas no atendimento de adultos com enxaqueca que chegam ao Departamento de Emergência (DE). A enxaqueca é uma das principais causas de procura ao DE por cefaleia, impactando significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Nesse cenário, as opções de tratamento incluem fármacos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), triptanos, agentes neurolépticos, antieméticos, corticosteróides e analgésicos opioides, entre outros. No entanto, ainda há controvérsias sobre qual medicação apresenta melhor eficácia e segurança para alívio rápido da dor e redução da necessidade de medicação de resgate.
O objetivo central deste trabalho foi conduzir uma revisão sistemática e uma meta-análise em rede (network meta-analysis) com abordagem Bayesiana, visando determinar a eficácia relativa e a segurança de diferentes agentes farmacológicos para crise aguda de enxaqueca em adultos que procuram o DE.
Os métodos incluíram a busca em bases como MEDLINE, Embase e Web of Science desde o início de seus registros até fevereiro de 2024, selecionando ensaios clínicos randomizados que compararam fármacos isolados ou combinações (ou placebo) para tratamento de enxaqueca em adultos. Foram avaliados quatro desfechos principais: (1) alívio adequado da dor em 2 horas, (2) redução na intensidade da dor em 1 hora, (3) necessidade de medicação de resgate em 2 horas e (4) ocorrência de reações adversas significativas.
Como resultados principais, a clorpromazina (IV/IM) despontou como a mais promissora para alívio adequado da dor em 2 horas e também para menor necessidade de resgate. Por outro lado, o ibuprofeno IV e o valproato IV figuraram entre os menos eficazes para dor, enquanto a dexametasona IV mostrou menor probabilidade de eventos adversos significativos. De forma geral, a maioria dos fármacos apresentou evidências de baixa ou muito baixa certeza, o que limita a robustez dos achados.
Implicações para a Prática
Os achados, embora limitados pela heterogeneidade e pela baixa certeza de evidências, podem ajudar os profissionais de emergência na seleção das medicações mais promissoras para enxaqueca aguda. A clorpromazina IV/IM surge como uma alternativa a ser considerada, mas efeitos adversos, principalmente hipotensão e sedação, devem ser monitorados. Dexametasona IV pode representar uma opção com perfil de segurança mais favorável, mas, novamente, há incerteza nos dados. A decisão clínica deve equilibrar eficácia, segurança e experiência do médico com cada fármaco, além do perfil de cada paciente.
Pontos Fortes e Limitações
O estudo oferece uma análise abrangente de diferentes medicações para enxaqueca em um único modelo de meta-análise em rede, possibilitando inferências indiretas que não seriam possíveis em meta-análises convencionais. Contudo, há limitações importantes: grande parte dos ensaios incluiu amostras pequenas, houve variação entre critérios de inclusão (por exemplo, intensidade prévia de dor), e muitos fármacos não dispuseram de comparações diretas suficientes para se ter alta confiança nos resultados. Além disso, a definição de “alívio adequado” e a forma de relatar eventos adversos variaram de estudo para estudo.
Pesquisas Futuras
Para confirmar e refinar essas conclusões, são necessários ensaios clínicos randomizados de maior porte e padronização de desfechos, especialmente avaliando vias de administração, doses e combinações de agentes. Seria relevante aprofundar a segurança de fármacos que se destacaram na análise, como a clorpromazina, em comparação com outras estratégias possivelmente eficazes, como combinações de antieméticos e AINEs.
Referência
deSouza IS, Anthony N, Thode H Jr, et al. Effectiveness and Safety of Pharmacologic Therapies for Migraine in the Emergency Department: A Systematic Review and Bayesian Network Meta-analysis. Annals of Emergency Medicine. In Press, Corrected Proof, 2024. DOI: http://doi.org/10.1016/j.annemergmed.2024.11.004
Levofloxacina para prevenir tuberculose resistente a múltiplas drogas: resultados de ensaio clínico no Vietnã
24 Dez, 2024 | 09:49hEste estudo avaliou se um regime de seis meses de levofloxacina, comparado a placebo, poderia prevenir tuberculose em contatos domiciliares de pacientes com tuberculose resistente à rifampicina ou multidroga (MDR). A motivação foi a urgência em conter a disseminação de cepas resistentes, especialmente em regiões de alta incidência como o Vietnã.
O objetivo central consistiu em verificar se o tratamento de infecção latente por Mycobacterium tuberculosis, utilizando levofloxacina, reduziria novos casos de tuberculose confirmada bacteriologicamente em até 30 meses de seguimento. Para isso, conduziu-se um ensaio duplo-cego, em que contatos domiciliares com teste tuberculínico positivo ou comorbidades específicas (como HIV) foram alocados para receber diariamente comprimidos de levofloxacina (dose ajustada por peso) ou placebo, por 180 dias.
Os participantes foram acompanhados por até 30 meses, com visitas periódicas para avaliação clínica, adesão ao tratamento e detecção de tuberculose ativa por métodos laboratoriais (cultura e testes moleculares). Entre os 2041 participantes randomizados, 1995 (97,7%) completaram 30 meses de seguimento ou tiveram desfecho primário. A incidência de tuberculose confirmada foi de 0,6% no grupo que recebeu levofloxacina, em comparação com 1,1% no grupo placebo. Isso se traduziu em uma razão de taxas de incidência de 0,55, porém sem significância estatística. Eventos adversos de grau 3 ou 4 foram pouco frequentes e similares entre os grupos, mas reações de menor gravidade (como sintomas musculoesqueléticos) foram mais comuns com levofloxacina (31,9% vs. 13,0%). Não houve aumento de resistência a fluoroquinolonas após o uso prolongado da droga.
Concluiu-se que, embora tenha havido redução numérica de casos de tuberculose com levofloxacina, o intervalo de confiança amplo impediu afirmar eficácia definitiva. Ainda assim, o regime foi bem tolerado na maior parte dos casos e não gerou resistência adquirida preocupante. Como implicação para a prática, o estudo indica o potencial de regimes à base de fluoroquinolonas para profilaxia de contatos com tuberculose resistente, mas recomenda cautela em relação à adesão e aos possíveis efeitos adversos leves.
Entre os pontos fortes, destacam-se o desenho duplo-cego, placebo-controlado, a alta taxa de seguimento (mais de 97% dos participantes) e a criteriosa exclusão de casos de tuberculose prevalente antes da randomização. As limitações incluem a incidência de tuberculose menor que a esperada, o que reduziu o poder estatístico, e o fato de os resultados se aplicarem a uma população onde a coinfecção por HIV é baixa. Pesquisas futuras poderão envolver novas estratégias de profilaxia para contextos em que haja maior prevalência de resistência às fluoroquinolonas, bem como avaliar o impacto de regimes mais curtos ou alternativas como delamanid.
Referência (Artigo Original):
Fox GJ, Nhung NV, Binh NC, et al. Levofloxacin for the Prevention of Multidrug-Resistant Tuberculosis in Vietnam. N Engl J Med. 2024;391:2304-2314. DOI: http://doi.org/10.1056/NEJMoa2314325
Editorial Relacionado:
Dorman SE. Levofloxacin Preventive Therapy for Persons Exposed to MDR Tuberculosis. N Engl J Med. 2024;391:2376-2378. DOI: http://doi.org/10.1056/NEJMe2413531
Diretrizes para Uso de Metformina na Prevenção de Ganho de Peso Induzido por Antipsicóticos
23 Dez, 2024 | 17:53hIntrodução: Metformina é a única medicação que demonstrou eficácia na prevenção do ganho de peso induzido por antipsicóticos (AIWG). Ainda assim, seu uso nessa indicação não é rotineiro. Estas diretrizes, desenvolvidas segundo a metodologia AGREE II e baseadas em revisões sistemáticas e meta-análises, visam oferecer recomendações claras sobre quando e como iniciar metformina na prática clínica, considerando fatores de risco cardiometabólicos e a relevância de intervenções complementares (como mudanças no estilo de vida).
Principais Recomendações:
- Co-início em antipsicóticos de alto risco (olanzapina ou clozapina): Recomenda-se iniciar metformina concomitantemente a antipsicóticos reconhecidamente associados a maior ganho de peso.
- Co-início em antipsicóticos de risco médio (quetiapina, paliperidona ou risperidona): Metformina deve ser considerada em pacientes com um ou mais fatores de risco cardiometabólico (por exemplo, hipertensão, diabetes, pré-diabetes, IMC >25) ou em indivíduos entre 10 e 25 anos.
- Início durante o primeiro ano de tratamento: Em caso de >3% de ganho de peso em relação ao peso basal após iniciar qualquer antipsicótico, recomenda-se a introdução de metformina.
- Escalonamento de dose: Geralmente inicia-se com 500 mg/dia, passando para 500 mg duas vezes ao dia em até duas semanas, com incrementos quinzenais de 500 mg, de acordo com tolerância, até a meta de 1 g duas vezes ao dia (2 g/dia). Ajustes devem ser feitos em casos de insuficiência renal ou efeitos adversos importantes.
- Encerramento: Metformina deve ser suspensa se houver risco ou suspeita de acidose lática, se o IMC cair abaixo de 20 ou se o antipsicótico for descontinuado. Deve-se evitar o uso de metformina em pacientes com uso prejudicial de álcool.
- Terapias adicionais: Em caso de IMC >30 ou presença de comorbidades como apneia do sono, considerar agonistas de GLP-1 de acordo com disponibilidade e indicação, pois apresentam resultados significativos na redução de peso.
Conclusão: O uso precoce de metformina pode atenuar o ganho de peso em pacientes que necessitam de antipsicóticos, sobretudo os de maior risco. A intervenção precoce contribui para prevenir complicações cardiometabólicas e para melhorar a adesão ao tratamento. As diretrizes fornecem um algoritmo prático que integra avaliação contínua do peso, estratificação de risco e recomendações de dose, além de enfatizar a importância de estratégias de estilo de vida.
Referência:
Carolan A, Hynes-Ryan C, Agarwal SM, Bourke R, Cullen W, Gaughran F, Hahn MK, Krivoy A, Lally J, Leucht S, et al. Metformin for the Prevention of Antipsychotic-Induced Weight Gain: Guideline Development and Consensus Validation. Schizophrenia Bulletin. 2024; sbae205. https://doi.org/10.1093/schbul/sbae205
Comentário adicional 1: Psychiatric News Alert. New Guideline Advises Metformin to Prevent Antipsychotic-Induced Weight Gain. Disponível em: https://alert.psychnews.org/2024/12/new-guideline-advises-metformin-to.html
Comentário adicional 2: Zagorski N. Metformin May Reduce Weight Gain in Youth Taking Antipsychotics. Psychiatric News. 2024; 59(01). https://psychiatryonline.org/doi/full/10.1176/appi.pn.2024.01.1.22
Revisão: Manejo e Abordagem do DRESS (Drug Reaction with Eosinophilia and Systemic Symptoms)
18 Dez, 2024 | 10:55hIntrodução: O DRESS (Reação a Medicamento com Eosinofilia e Sintomas Sistêmicos) é uma reação cutânea adversa grave, mediada por células T, caracterizada por erupção cutânea extensa, febre, envolvimento de órgãos internos e eosinofilia, após exposição prolongada a um fármaco. Conhecido também como síndrome de hipersensibilidade induzida por fármacos, o DRESS frequentemente está associado a anticonvulsivantes aromáticos, alopurinol e antibióticos, entre outros. Embora raro, é uma das reações cutâneas graves mais comuns em pacientes hospitalizados, com significativa morbimortalidade, podendo levar a óbito em até 5% dos casos. O diagnóstico baseia-se em critérios clínicos, laboratoriais e na exclusão de diagnósticos diferenciais, incluindo outras reações cutâneas adversas graves, como Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ), necrólise epidérmica tóxica (NET) e pustulose exantemática aguda generalizada (PEAG). Além disso, o DRESS cursa frequentemente com reativação viral (HHV-6, EBV, CMV) e pode resultar em sequelas a longo prazo, inclusive autoimunes.
Principais Recomendações:
- Remoção do fármaco implicado: Identificar e suspender prontamente o medicamento suspeito é a medida mais crucial.
- Suporte clínico e monitoramento multidisciplinar: Avaliação e acompanhamento contínuo da função hepática, renal, pulmonar, cardíaca e outros órgãos potencialmente envolvidos. Internação e monitoramento em unidade de terapia intensiva podem ser necessários em casos graves.
- Terapia com glicocorticoides sistêmicos: Utilizar prednisona ou equivalente (0,5-1 mg/kg/dia), com redução gradual após estabilização. Pulsoterapia pode ser considerada em casos refratários.
- Tratamentos poupadores de glicocorticoide: Em situações de risco para infecção ou complicações dos esteroides, considerar imunossupressores adicionais (ciclosporina, micofenolato) ou terapias biológicas (anti-IL-5, inibidores de JAK) em casos selecionados.
- Considerar testes diagnósticos específicos: Embora não exista teste diagnóstico validado, biópsia cutânea pode auxiliar na exclusão de outras condições. Testes de contato, intradérmicos e exames para HLA podem orientar suspeitas de drogas específicas.
- Acompanhamento a longo prazo: Monitorar pacientes após resolução do quadro, considerando a possibilidade de recaídas, reativações virais e desenvolvimento de doenças autoimunes. Suporte psicológico e monitoramento de complicações orgânicas a longo prazo são recomendados.
Conclusão: O DRESS é uma reação grave e multifacetada, que exige identificação precoce do fármaco causador, tratamento com glicocorticoides e, quando necessário, outras terapias imunomoduladoras. O acompanhamento prolongado é essencial devido aos riscos de recaídas, sequelas orgânicas e desenvolvimento de doenças autoimunes. A colaboração entre dermatologistas, alergistas, imunologistas e outros especialistas é fundamental para uma abordagem eficaz e personalizada.
Estudo randomizado: Uma dose única de ceftriaxona reduz a pneumonia associada à ventilação mecânica precoce em pacientes com lesão cerebral aguda
17 Dez, 2024 | 09:52hBackground: Pacientes com lesão cerebral aguda apresentam alto risco de desenvolver pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV), especialmente a PAV precoce. Embora a profilaxia antibiótica de curta duração seja discutida, faltam evidências robustas sobre seu real benefício. Este estudo avalia o impacto de uma única dose precoce de ceftriaxona na incidência de PAV precoce em pacientes com lesão cerebral aguda.
Objetivo: Determinar se a administração única e precoce de ceftriaxona reduz a incidência de PAV precoce (entre o 2º e o 7º dia de ventilação mecânica) em pacientes adultos com lesão cerebral aguda comatosos (Escala de Coma de Glasgow ≤12) que necessitam de ventilação mecânica por pelo menos 48 horas.
Métodos: Este foi um ensaio multicêntrico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo e com avaliadores mascarados, conduzido em nove unidades de terapia intensiva (UTI) de oito hospitais universitários na França. Pacientes adultos comatosos após trauma craniano, acidente vascular encefálico (AVE) ou hemorragia subaracnóidea foram randomizados (1:1) para receber ceftriaxona 2 g intravenosa ou placebo, uma única vez, dentro das primeiras 12 horas após a intubação orotraqueal. Os avaliadores de desfechos estavam mascarados quanto à alocação. A variável primária foi a incidência de PAV precoce confirmada por critérios clínicos, radiológicos e microbiológicos. O desfecho foi analisado em uma população de intenção de tratar modificada, excluindo pacientes que não deram consentimento ou que não receberam a intervenção alocada devido a critérios de não elegibilidade identificados após a randomização.
Resultados: Foram incluídos 319 pacientes na análise final (162 no grupo ceftriaxona e 157 no grupo placebo). A incidência de PAV precoce foi significativamente menor no grupo ceftriaxona (14%) do que no grupo placebo (32%) (HR 0,60 [IC95% 0,38–0,95]; p=0,030). Além disso, o grupo ceftriaxona apresentou redução na incidência global de PAV, menor exposição à ventilação mecânica e menor uso de antibióticos, redução na permanência na UTI e no hospital, bem como menor mortalidade aos 28 dias (15% vs 25%). A ceftriaxona não esteve associada ao aumento de microrganismos resistentes ou a eventos adversos significativos atribuíveis ao antibiótico.
Conclusões: Uma única dose precoce de ceftriaxona reduziu a incidência de PAV precoce em pacientes com lesão cerebral aguda, sem impacto negativo na resistência bacteriana ou eventos adversos relacionados. Esses achados sugerem a inclusão desta medida em protocolos de prevenção de PAV nessa população.
Implicações para a Prática: A profilaxia antibiótica com dose única de ceftriaxona pode integrar os bundles de prevenção da PAV em pacientes com lesão cerebral, reduzindo eventos respiratórios adversos e potencialmente melhorando os resultados clínicos. Apesar do benefício demonstrado, é aconselhável manter cautela na adoção generalizada desta estratégia, considerando o impacto global do uso de antibióticos e a necessidade de monitorar a resistência bacteriana.
Forças e Limitações do Estudo: Pontos fortes incluem o desenho multicêntrico, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, além da avaliação mascarada dos desfechos. A ausência de desfechos microbiológicos mais detalhados sobre a microbiota intestinal e a falta de avaliação do impacto a longo prazo na resistência antimicrobiana são limitações. Embora este estudo sugira benefícios clínicos importantes, novos trabalhos são necessários para confirmar a segurança microbiológica a longo prazo e avaliar o efeito sobre desfechos neurológicos.
Futuras Pesquisas: Estudos adicionais devem focar no impacto da profilaxia antibiótica sobre a microbiota, a resistência bacteriana a longo prazo e os desfechos neurológicos funcionais, além de avaliar a aplicabilidade desta estratégia em outros grupos de pacientes criticamente enfermos.
Estudo de coorte retrospectivo: Uso de medicamentos para pressão arterial sob demanda e risco aumentado de lesão renal aguda e outros desfechos adversos em pacientes internados em hospitais do VA
8 Dez, 2024 | 18:36hContexto: Pressões arteriais elevadas e assintomáticas são frequentes no ambiente hospitalar e muitas vezes tratadas com medicamentos para pressão arterial sob demanda (tanto de uso recorrente quanto em dose única). Há preocupação de que essa prática possa levar a reduções rápidas e potencialmente perigosas da pressão arterial, particularmente em pacientes mais idosos ou com doenças cardiovasculares, resultando em eventos isquêmicos, como lesão renal aguda (LRA).
Objetivo: Avaliar se o uso de medicações anti-hipertensivas “sob demanda” para tratar elevações assintomáticas da pressão arterial em pacientes internados em hospitais do Sistema de Saúde dos Veteranos (VA) está associado a um risco aumentado de LRA e outros eventos adversos.
Métodos: Estudo de coorte retrospectivo conduzido por emulação de um ensaio clínico alvo, com escore de propensão para pareamento. Foram incluídos veteranos adultos hospitalizados por 3 ou mais dias em enfermarias não-intensivas do VA entre 1º de outubro de 2015 e 30 de setembro de 2020, sem cirurgia durante a internação, que já usavam ao menos um anti-hipertensivo regular nas primeiras 24 horas e apresentaram pelo menos uma pressão arterial sistólica >140 mmHg. Foram comparados pacientes que receberam medicações anti-hipertensivas sob demanda com aqueles que não receberam, analisando LRA, redução rápida da pressão arterial e um desfecho composto (infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral ou óbito).
Resultados: Foram analisados 133.760 veteranos (média de idade de 71,2 anos; 96% homens). Entre eles, 21% receberam medicação sob demanda. O uso sob demanda foi associado a um risco 23% maior de LRA (HR=1,23; IC95% 1,18-1,29). O risco foi mais pronunciado com medicação intravenosa (HR=1,64) do que oral (HR=1,17). Além disso, houve aumento de eventos adversos, incluindo queda rápida da pressão arterial (aumento de 50% no risco em 3 horas) e maior taxa do desfecho composto (RR=1,69).
Conclusões: O uso de medicações anti-hipertensivas sob demanda em pacientes hospitalizados sem indicação clara de redução aguda da pressão arterial foi associado a aumento de LRA, quedas rápidas da pressão arterial e maior risco de infarto, AVC e morte. Esses achados sugerem necessidade de estudos prospectivos para avaliar o real balanço entre riscos e benefícios desta prática.
Implicações para a Prática: Os resultados levantam questionamentos sobre o uso rotineiro de medicações anti-hipertensivas sob demanda para tratar elevações pressóricas assintomáticas. Dado o potencial de dano, os clínicos devem avaliar cautelosamente a indicação dessa abordagem e considerar medidas não-farmacológicas ou observação antes de optar por intervenções farmacológicas.
Forças e Limitações do Estudo: Pontos fortes incluem o grande tamanho amostral, representatividade nacional e ajuste rigoroso para minimizar confundimento. Limitações incluem a natureza retrospectiva e possibilidade de fatores não mensurados. Embora o estudo não possa estabelecer causalidade, os resultados são robustos e sustentados por análises de sensibilidade.
Pesquisas Futuras: Ensaios clínicos prospectivos são necessários para determinar se a eliminação ou moderação do uso de medicamentos sob demanda para hipertensão assintomática reduz eventos isquêmicos. Pesquisas adicionais podem explorar subgrupos, incluindo cirúrgicos e populações não-veteranas.
CDC Recomenda Vacinação Pneumocócica a Partir dos 50 Anos
6 Nov, 2024 | 09:53hIntrodução: A doença pneumocócica é uma infecção grave causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae, responsável por condições como pneumonia, meningite e bacteremia. Tradicionalmente, a vacinação contra o pneumococo era recomendada para adultos a partir dos 65 anos. No entanto, novos dados indicam um aumento significativo no risco de infecção em indivíduos a partir dos 50 anos.
Destaques: O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) anunciou a redução da idade recomendada para a vacinação pneumocócica de 65 para 50 anos. Essa mudança visa ampliar a proteção contra doenças pneumocócicas em uma faixa etária mais jovem, onde o risco de infecção começa a aumentar substancialmente. A vacinação antecipada oferece a oportunidade de prevenir casos graves de pneumonia, meningite e infecções sanguíneas, especialmente em preparação para a temporada de infecções respiratórias no inverno. O CDC recomenda que adultos com 50 anos ou mais conversem com seus profissionais de saúde para atualizar seu status vacinal.
Conclusão: A atualização das diretrizes de vacinação pode resultar em uma diminuição significativa na incidência de doenças pneumocócicas entre adultos a partir dos 50 anos. Profissionais de saúde devem incentivar a vacinação nessa faixa etária, reforçando a importância da imunização na prevenção de infecções graves e na melhoria dos resultados em saúde pública.
Fontes:
- Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC): https://www.cdc.gov/media/
- Informações sobre Doença Pneumocócica: https://www.cdc.gov/pneumococcal/
Estudo randomizado de fase 2 | Orforglipron, um agonista oral do receptor GLP-1, reduz significativamente o peso em adultos com obesidade
25 Jun, 2023 | 23:11hResumo: Este ensaio clínico randomizado duplo cego de fase 2 investigou a eficácia do agonista do receptor GLP-1, orforglipron, como tratamento oral para a perda de peso em adultos com obesidade ou sobrepeso e pelo menos uma condição relacionada ao peso. O estudo envolveu 272 participantes, que receberam orforglipron em doses variadas ou placebo ao longo de 36 semanas.
Os principais achados do estudo indicaram uma redução de peso significativa em indivíduos que receberam orforglipron. Às 26 semanas, as mudanças de peso no grupo orforglipron variaram de -8,6% a -12,6% em comparação com -2% no grupo placebo. Às 36 semanas, esses números foram de -9,4% a -14,7% para o grupo orforglipron e -2,3% para o grupo placebo. Além disso, 46 a 75% dos receptores de orforglipron tiveram uma redução de peso de pelo menos 10% até a semana 36, em comparação com 9% no grupo placebo.
Também foram observadas melhorias em todas as medidas pré-especificadas relacionadas ao peso e cardiometabólicas entre os usuários de orforglipron. No entanto, o tratamento foi associado a alguns efeitos colaterais gastrintestinais leves a moderados, levando à descontinuação em 10 a 17% dos participantes. O perfil de segurança mostrou-se similar a outros agonistas do receptor GLP-1. Esses achados sugerem que o orforglipron pode ser um tratamento oral eficaz para a redução de peso em adultos com obesidade, embora mais pesquisas sejam necessárias para corroborar esses resultados e avaliar os efeitos no longo prazo.
Artigo: Daily Oral GLP-1 Receptor Agonist Orforglipron for Adults with Obesity – New England Journal of Medicine (link para o resumo – $ para o texto completo)
ECT | Suplementação de vitamina D não mostrou impacto significativo na gravidade da psoríase
4 Abr, 2023 | 12:38hResumo: Em um ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo envolvendo 122 participantes com psoríase em placas, pesquisadores investigaram os efeitos da suplementação de vitamina D durante o inverno na gravidade da psoríase. Os participantes receberam vitamina D (colecalciferol, dose de ataque de 100.000 UI seguida de 20.000 UI/semana) ou um placebo durante 4 meses. O desfecho primário foi a pontuação do Índice de Gravidade e Área da Psoríase (IGAP), com desfechos secundários incluindo Avaliação Global do Médico, IGAP autoadministrado e índices de Qualidade de Vida em Dermatologia.
O estudo não encontrou diferenças significativas nas pontuações do IGAP ou nos desfechos secundários entre os dois grupos. Os resultados sugerem que a suplementação de vitamina D não afeta a gravidade da psoríase. No entanto, escores de gravidade basais baixos e um aumento menor do que o esperado nos níveis de 25-hidroxivitamina D no grupo de intervenção podem ter influenciado os resultados, indicando que mais pesquisas podem ser necessárias levando em conta esses fatores.
Artigo: Effect of Vitamin D Supplementation on Psoriasis Severity in Patients With Lower-Range Serum 25-Hydroxyvitamin D Levels: A Randomized Clinical Trial – JAMA Dermatology (gratuito por tempo limitado) (link para o Google Tradutor)
Comentário: Vitamin D Ineffective for Psoriasis Patients with Lower Serum 25-Hydroxyvitamin D Levels in Winter – HCP Live (link para o Google Tradutor)
Comentário no Twitter
This RCT, performed in North-Norway, found no measurable effect of vitamin D supplementation on psoriasis severity during winter. Low baseline severity, & lower-than-expected rise in 25(OH)D levels in intervention group, may have affected the results. https://t.co/ip17uFQsgM
— JAMA Dermatology (@JAMADerm) March 29, 2023
M-A | Evidência limitada para eficácia dos analgésicos no tratamento de lombalgia aguda inespecífica
29 Mar, 2023 | 11:28hResumo: Esta revisão sistemática e metanálise em rede teve como objetivo avaliar a eficácia e a segurança de vários medicamentos analgésicos no tratamento de lombalgia aguda não específica. Após examinar 98 ensaios clínicos randomizados com mais de 15.000 participantes, o estudo constatou que a qualidade das evidências para eficácia e segurança desses medicamentos é baixa ou muito baixa.
Alguns medicamentos analgésicos mostraram potencial na redução da intensidade da dor, mas a evidência foi limitada pelo risco de viés nos estudos e pela imprecisão nas estimativas do efeito. Além disso, verificou-se que certos medicamentos podem aumentar o risco de eventos adversos durante o tratamento, com evidências variando de moderada a muito baixa confiança nos resultados.
Dada a falta de evidências de alta qualidade, médicos e pacientes são aconselhados a serem cautelosos ao usar medicamentos analgésicos para lombalgia aguda não específica. São necessários ensaios clínicos de comparação direta mais robustos para fornecer orientações mais claras sobre o melhor curso de tratamento.
Artigo: Comparative effectiveness and safety of analgesic medicines for adults with acute non-specific low back pain: systematic review and network meta-analysis – The BMJ (link para o Google Tradutor)
Comunicado de imprensa: Study finds “considerable uncertainty” around effectiveness and safety of analgesics for low back pain – BMJ Newsroom (link para o Google Tradutor)
Comentário do autor no Twitter (fio – clique para saber mais)
Out today in @bmj_latest.
We found “considerable uncertainty” around the effectiveness and safety of analgesic medicines for adults with acute non-specific low back pain.
Available at https://t.co/PeOmEOeJyJ
Thread 🧵 pic.twitter.com/T8YDNGhhME
— Michael Wewege (@mawewege) March 22, 2023