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Revisão: Novos e emergentes tratamentos para o transtorno depressivo maior

19 Dez, 2024 | 19:19h

Introdução: Este resumo apresenta uma revisão sobre novas e emergentes opções terapêuticas para o transtorno depressivo maior (TDM), uma condição de alta prevalência e impacto socioeconômico significativo. Embora os antidepressivos que atuam nos sistemas monoaminérgicos sejam amplamente utilizados, muitos pacientes não respondem adequadamente, resultando em depressão resistente ao tratamento. Dessa forma, novas abordagens têm sido investigadas, incluindo psicodélicos (psilocibina, cetamina/esquetamina), agentes anti-inflamatórios, moduladores opioides, neuropeptídeos, onabotulinumtoxina A, bem como terapias de neuromodulação (variações da estimulação magnética transcraniana, terapias baseadas em luz). A revisão considera eficácia, tolerabilidade, limitações metodológicas e aplicabilidade clínica dessas intervenções inovadoras.

Principais Recomendações:

  1. Cetamina e esquetamina: Considerar essas substâncias como tratamento adjuvante para depressão resistente, devido ao início rápido de ação antidepressiva e efeito anti-suicida. Monitorar pressão arterial e risco de habituação. A relação custo-efetividade e a eficácia prolongada permanecem incertas.
  2. Psicodélicos (psilocibina, ayahuasca): A psilocibina, quando administrada com suporte psicoterapêutico, pode proporcionar redução rápida dos sintomas, mas há preocupações quanto à escalabilidade, necessidade de tempo intensivo de terapeutas e possível aumento de ideação suicida. A ayahuasca apresenta resultados promissores, porém faltam dados robustos de longo prazo e protocolos padronizados.
  3. Neuromodulação (rTMS, theta burst, TMS acelerada, terapias de luz): A estimulação magnética transcraniana repetitiva (rTMS) e suas modalidades aceleradas ou de curta duração (theta burst) demonstram eficácia modesta com boa tolerabilidade. A terapia com luz pode potencializar a neuromodulação. Não há consenso sobre protocolos ideais nem posicionamento claro dessas intervenções na linha de tratamento.
  4. Agentes anti-inflamatórios e outros fármacos adjuvantes: Evidências preliminares sugerem que minociclina, anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), estatinas, ácidos graxos ômega-3 e a combinação buprenorfina-samidorfano podem ter papel auxiliar. Contudo, faltam ensaios robustos que confirmem eficácia e segurança a longo prazo.
  5. Onabotulinumtoxina A: Uma única injeção na região glabelar pode melhorar sintomas depressivos, mas o mecanismo e a durabilidade do efeito são incertos. Desafios metodológicos dificultam recomendações definitivas.
  6. Estimulação cerebral profunda (DBS) e terapia convulsiva magnética (MST): Procedimentos invasivos e com evidências limitadas, indicados apenas em casos extremamente refratários. Seu uso permanece experimental.

Conclusão: Os tratamentos emergentes para o TDM oferecem novas perspectivas além dos antidepressivos convencionais, potencialmente abordando a heterogeneidade da doença. No entanto, a maioria das intervenções ainda é considerada experimental, carecendo de comparações diretas com terapias estabelecidas, maior definição de protocolos e dados de longo prazo. Mais pesquisas rigorosas são necessárias para esclarecer o papel dessas estratégias na prática clínica e otimizar o cuidado ao paciente com depressão resistente.

Referência: Njenga C, Ramanuj PP, Magalhães FJC, Pincus HA. New and emerging treatments for major depressive disorder. BMJ. 2024;386:e073823. DOI: https://doi.org/10.1136/bmj-2022-073823

 


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