Estudo de coorte: Associação do Índice de Redondeza Corporal com Mortalidade por Todas as Causas
6 Nov, 2024 | 09:34hIntrodução: A obesidade, especialmente a obesidade visceral, é um fator de risco bem estabelecido associado à mortalidade por todas as causas. As medidas antropométricas convencionais, como o índice de massa corporal (IMC), são inadequadas para avaliar a distribuição de gordura corporal. O Índice de Redondeza Corporal (IRC) surge como um indicador mais abrangente para avaliar a gordura visceral e sua associação potencial com o risco de mortalidade.
Objetivo: Avaliar as tendências temporais do IRC entre adultos americanos não institucionalizados e explorar sua associação com a mortalidade por todas as causas.
Métodos: Estudo de coorte utilizando dados de 32.995 adultos (idade ≥20 anos) do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) de 1999 a 2018. O IRC foi calculado e suas mudanças percentuais bienais foram avaliadas. A mortalidade por todas as causas foi acompanhada até 31 de dezembro de 2019.
Resultados: A idade média dos participantes foi de 46,74 anos, com 50,10% de mulheres. O IRC médio aumentou de 4,80 para 5,62 entre 1999 e 2018, com uma mudança bienal de 0,95% (P < 0,001). Esse aumento foi mais pronunciado em mulheres, idosos e indivíduos identificados como mexicano-americanos. Durante um seguimento mediano de 9,98 anos, ocorreram 3.452 óbitos (10,46% dos participantes). Observou-se uma associação em forma de U entre o IRC e a mortalidade por todas as causas. Comparado ao quintil médio de IRC (4,5 a 5,5), o risco de mortalidade aumentou em 25% (HR=1,25; IC 95%, 1,05-1,47) para indivíduos com IRC < 3,4 e em 49% (HR=1,49; IC 95%, 1,31-1,70) para aqueles com IRC ≥ 6,9, após ajustes completos.
Conclusões: O estudo revelou um aumento progressivo do IRC em adultos americanos ao longo de quase duas décadas e uma associação em forma de U entre o IRC e a mortalidade por todas as causas. O IRC demonstra potencial como uma medida antropométrica associada ao risco de mortalidade.
Implicações para a Prática: Os achados sugerem que o IRC pode ser utilizado como uma ferramenta de triagem não invasiva para estimar o risco de mortalidade em adultos, auxiliando na identificação precoce de indivíduos em risco e orientando intervenções clínicas direcionadas.
Pontos Fortes e Limitações do Estudo: Pontos fortes incluem o uso de uma amostra nacionalmente representativa e um longo período de seguimento. Limitações envolvem a possibilidade de viés devido à diminuição das taxas de resposta do NHANES ao longo dos anos e a não avaliação da mortalidade por causas específicas devido ao tamanho da amostra.
Pesquisa Futura: Estudos futuros devem validar esses achados em outras populações e investigar a associação do IRC com mortalidade específica por doenças, além de explorar mecanismos biológicos subjacentes.