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Diretrizes para Uso de Metformina na Prevenção de Ganho de Peso Induzido por Antipsicóticos

23 Dez, 2024 | 17:53h

Introdução: Metformina é a única medicação que demonstrou eficácia na prevenção do ganho de peso induzido por antipsicóticos (AIWG). Ainda assim, seu uso nessa indicação não é rotineiro. Estas diretrizes, desenvolvidas segundo a metodologia AGREE II e baseadas em revisões sistemáticas e meta-análises, visam oferecer recomendações claras sobre quando e como iniciar metformina na prática clínica, considerando fatores de risco cardiometabólicos e a relevância de intervenções complementares (como mudanças no estilo de vida).

Principais Recomendações:

  1. Co-início em antipsicóticos de alto risco (olanzapina ou clozapina): Recomenda-se iniciar metformina concomitantemente a antipsicóticos reconhecidamente associados a maior ganho de peso.
  2. Co-início em antipsicóticos de risco médio (quetiapina, paliperidona ou risperidona): Metformina deve ser considerada em pacientes com um ou mais fatores de risco cardiometabólico (por exemplo, hipertensão, diabetes, pré-diabetes, IMC >25) ou em indivíduos entre 10 e 25 anos.
  3. Início durante o primeiro ano de tratamento: Em caso de >3% de ganho de peso em relação ao peso basal após iniciar qualquer antipsicótico, recomenda-se a introdução de metformina.
  4. Escalonamento de dose: Geralmente inicia-se com 500 mg/dia, passando para 500 mg duas vezes ao dia em até duas semanas, com incrementos quinzenais de 500 mg, de acordo com tolerância, até a meta de 1 g duas vezes ao dia (2 g/dia). Ajustes devem ser feitos em casos de insuficiência renal ou efeitos adversos importantes.
  5. Encerramento: Metformina deve ser suspensa se houver risco ou suspeita de acidose lática, se o IMC cair abaixo de 20 ou se o antipsicótico for descontinuado. Deve-se evitar o uso de metformina em pacientes com uso prejudicial de álcool.
  6. Terapias adicionais: Em caso de IMC >30 ou presença de comorbidades como apneia do sono, considerar agonistas de GLP-1 de acordo com disponibilidade e indicação, pois apresentam resultados significativos na redução de peso.

Conclusão: O uso precoce de metformina pode atenuar o ganho de peso em pacientes que necessitam de antipsicóticos, sobretudo os de maior risco. A intervenção precoce contribui para prevenir complicações cardiometabólicas e para melhorar a adesão ao tratamento. As diretrizes fornecem um algoritmo prático que integra avaliação contínua do peso, estratificação de risco e recomendações de dose, além de enfatizar a importância de estratégias de estilo de vida.

Referência:
Carolan A, Hynes-Ryan C, Agarwal SM, Bourke R, Cullen W, Gaughran F, Hahn MK, Krivoy A, Lally J, Leucht S, et al. Metformin for the Prevention of Antipsychotic-Induced Weight Gain: Guideline Development and Consensus Validation. Schizophrenia Bulletin. 2024; sbae205. https://doi.org/10.1093/schbul/sbae205

Comentário adicional 1: Psychiatric News Alert. New Guideline Advises Metformin to Prevent Antipsychotic-Induced Weight Gain. Disponível em: https://alert.psychnews.org/2024/12/new-guideline-advises-metformin-to.html

Comentário adicional 2: Zagorski N. Metformin May Reduce Weight Gain in Youth Taking Antipsychotics. Psychiatric News. 2024; 59(01). https://psychiatryonline.org/doi/full/10.1176/appi.pn.2024.01.1.22

 


Recomendações de 2025 da ASA para Cuidados Perioperatórios em Idosos Submetidos a Cirurgias Hospitalares

23 Dez, 2024 | 17:30h

ntrodução: Este resumo apresenta uma diretriz da American Society of Anesthesiologists (ASA) sobre o manejo de pacientes com 65 anos ou mais submetidos a cirurgias hospitalares. O foco recai em cuidados pré, intra e pós-operatórios com ênfase na redução de complicações, sobretudo neurocognitivas (delirium e declínio cognitivo), e na preservação da independência funcional desses pacientes.

Principais Recomendações:

  1. Avaliação pré-operatória expandida:
    • Considerar rastreamento de fragilidade, função cognitiva, estado nutricional e aspectos psicossociais.
    • Pacientes com comprometimento cognitivo ou fragilidade devem receber cuidados específicos, incluindo equipe multidisciplinar e acompanhamento geriátrico.
    • Evidências de baixa qualidade sugerem menor risco de delirium quando essas avaliações são realizadas, se comparado à avaliação padrão.
  2. Escolha entre anestesia neuraxial ou geral:
    • As evidências não apontam diferença significativa quanto ao risco de delirium.
    • Recomenda-se decidir com base em preferência do paciente, risco-benefício clínico e decisão compartilhada.
  3. Manutenção com anestesia endovenosa ou inalatória:
    • Não há conclusões sólidas de vantagem de um método específico na prevenção de delirium.
    • Dados limitados indicam potencial redução de comprometimento cognitivo a curto prazo (até 30 dias) com anestesia total intravenosa, mas sem diferença consistente em avaliações de longo prazo.
  4. Farmacoprevenção de delirium com dexmedetomidina:
    • Pode reduzir o risco de delirium em idosos, porém há maior risco de bradicardia e hipotensão.
    • A força de evidência é moderada, mas ainda faltam estudos que definam dose e timing ideais para diferentes perfis de risco.
  5. Uso de fármacos com efeitos centrais (benzodiazepínicos, antipsicóticos, anticolinérgicos, etc.):
    • Não há evidências claras que permitam recomendar ou contraindicar seu uso de modo definitivo.
    • Considerar os riscos e benefícios com cautela, especialmente em pacientes frágeis ou com transtornos cognitivos prévios.

Conclusão: As recomendações enfatizam a importância de identificar previamente fraquezas e vulnerabilidades em pacientes idosos submetidos a cirurgias hospitalares. A equipe multidisciplinar e a avaliação geriátrica, quando cabíveis, podem reduzir complicações. Não há preferência absoluta por anestesia geral ou neuraxial nem por agentes de manutenção intravenosa ou inalatórios quanto ao risco de delirium, devendo-se priorizar a decisão compartilhada. O uso de dexmedetomidina pode prevenir delirium em certos grupos, embora seja necessário equilibrar benefícios e efeitos cardiovasculares adversos.

Referência: Sieber F, McIsaac DI, Deiner S, et al. 2025 American Society of Anesthesiologists Practice Advisory for Perioperative Care of Older Adults Scheduled for Inpatient Surgery. Anesthesiology. 2025;142(1):22-51. DOI: https://doi.org/10.1097/ALN.0000000000005172

 


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